Equipamento amplia a capacidade prática de exames de DNA do Laboratório de Genética Molecular Forense e foi doado pela Secretaria Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça. Paraná está entre os seis estados, e o primeiro da região Sul, a contar com essa tecnologia.
Uma nova tecnologia que será usada pela Polícia Científica do Paraná vai ajudar a elucidar os cerca de dois mil casos de crimes de estupros ocorridos no Estado e que ainda não foram solucionados. Trata-se da Plataforma de Automatização Starlet ID: um “robô” que acelera a extração de amostras dos materiais genéticos relacionados a crimes, otimizando tempo na obtenção de perfis genéticos dos possíveis autores.
A tecnologia foi apresentada nesta quarta-feira (04), em Curitiba. O equipamento, que amplia a capacidade prática de exames de DNA do Laboratório de Genética Molecular Forense, foi doado pela Secretaria Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJ), devido ao fato de a Polícia Científica paranaense apresentar bons resultados a nível nacional e cumprir todos os requisitos exigidos. Isso coloca o Paraná entre os seis estados, e o primeiro da região Sul, a contar com essa tecnologia contra o crime.
O secretário Nacional de Segurança Pública, Carlos Renato Machado Paim, conta que a entrega do equipamento é fruto de uma parceria entre o governo federal e o governo estadual, em que o Paraná assumiu o compromisso de coletar DNA e inserir na Rede Integrada de Banco de Perfis Genético (RIBPG). “Isso é uma ação estruturante, que visa atingir todo país, para formar um grande banco de DNA e valorizar os profissionais. É incentivador ver as pessoas trabalhando com capacidade para desenvolver as suas atribuições”, disse ele.
A nova tecnologia possibilita fazer mais em menos tempo e isso é mais que importante para segurança pública como um todo, destaca o secretário estadual da Segurança Pública, coronel Romulo Marinho Soares. “Ainda mais ao Instituto Médico Legal e ao Instituto de Criminalística, que apontam fatos por meio da ciência. Poder contar com a automatização dentro do nosso Laboratório de Genética é mais um grande passo para transformarmos a Polícia Científica do Paraná em uma das melhores do Brasil”, afirmou o secretário.
Rede integrada
A inovação tem o objetivo de atender as demandas da Rede Integrada de Banco de Perfis Genético (RIBPG), que é alimentada por 18 instituições estaduais, incluindo a Polícia Científica paranaense, além de um laboratório distrital e um laboratório da Polícia Federal. A diferença é que, agora, a rede poderá ser abastecida com os dados do estado de forma mais ágil e em mais quantidade, otimizando o tempo na elucidação de diversos crimes por meio do confronto de perfis genéticos.
O robô
Na prática, o robô permite que o DNA de mais de 80 amostras diferentes seja extraído, simultaneamente, no mesmo período que antes um único fragmento poderia ser processado. Com isso, a Polícia Científica visa analisar, em um ano, cerca de dois mil vestígios de crimes sexuais ocorridos no estado, cujas investigações ainda não puderam ser concluídas por não haver suspeitos para o confrontamento de DNA, de acordo com o diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, Luiz Rodrigo Grochoki.
“A plataforma vai contribuir para a melhoria do processamento de amostras de vestígios de violência sexual no Paraná. Neste primeiro momento planejamos para cumprir a meta estipulada pelo Ministério da Justiça extrair amostras de DNA de vestígios de estupros e mapear milhares de perfis genéticos de autores”, explicou. “Muitos desses crimes seguem em investigação há anos por não ter o DNA de suspeitos para uma comparação. A Plataforma de Automatização pode mudar isso e esse é o nosso foco: dar uma resposta significativa à sociedade em relação a essas amostras”, disse o diretor-geral.
Com os perfis genéticos mapeados e incorporados à Rede Integrada de Banco de Perfis Genético, o autor do estupro poderá ser identificado, de maneira rápida, caso ele já tenha tido sua amostra de DNA colhida em outras situações ou estados. Foi um cruzamento de dados de perfis genéticos como esse que, no ano passado, elucidou o homicídio da menina Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, que tinha nove anos quando seu corpo foi encontrado dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, em 2008.
O coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense e Científica da Polícia Científica do Paraná, Marcelo Malaghini, lembra que, por ser uma plataforma de automatização, ela permite acelerar grande parte do processo técnico-analítico e isso é um grande diferencial para todos os peritos criminais do Laboratório de Genética. “Com esse ganho de tempo, conseguiremos fazer as tratativas do que chamamos de backlog, que são os casos de vítimas de violência sexual que ainda não foram solucionados, como já aconteceu em algumas situações específicas como o caso da menina Rachel”, disse ele.
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