Os crimes relacionados ao campo têm se intensificado nos últimos anos. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostram, a partir de informações fornecidas por 17 estados brasileiros, que 82% dos crimes ocorridos em propriedades rurais são roubos e furtos. Para intensificar a fiscalização nas áreas rurais e dar mais agilidade à denúncia dos crimes, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) lançou, recentemente, o “Sinal Agro”, sistema para registro de ocorrências de roubo/furto de produtos agrícolas.
O Sinal AGRO tem como objetivo tornar mais rápida a comunicação de abigeato, nome dado ao furto de animais como bovinos e equinos, e também o roubo e furto de maquinários e defensivos agrícolas. Para acessar o Sinal Agro, o usuário acessa o link e registra as informações pessoais: nome, documento, telefone, e-mail, endereço, município e estado.
Depois, detalha a ocorrência. Após receber a informação no sistema, um servidor analisará a ocorrência, que é disparada para todos os policiais em serviço em um raio de 200 quilômetros. O serviço funciona 24 horas e agiliza a comunicação dos crimes, o que faz com que o trabalho das forças policiais possa ser intensificado. O registro também pode ser feito por telefone, pelo número de emergência da Polícia Rodoviária Federal, o 191. Comprovadamente, a possibilidade de recuperação de um produto de roubo/furto é maior nas primeiras horas após a ocorrência do fato.
Mesmo assim, a vítima deve fazer o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil.
Além do furto de máquinas e o abigeato, outro grave problema que tem acometido as áreas rurais são os crimes relacionados aos agroquímicos, seja o contrabando, descaminho, falsificação, roubo, furto e toda a cadeia que move estas práticas ilegais. No ano passado, a PRF apreendeu 70,4 toneladas de agroquímicos ilegais nas estradas brasileiras, 13,7% a mais do que as 61,9 toneladas apreendidas em 2019. Estas e outras informações foram publicadas no recém lançado estudo “O Mercado Ilegal de Defensivos Agrícolas no Brasil”, que mostrou também os quantitativos e locais de apreensões realizadas pelas forças de segurança entre janeiro de 2018 e fevereiro de 2021. Os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul lideram o ranking.
“Os agroquímicos são produtos com alto valor agregado e por isso cada vez mais chamam a atenção das quadrilhas, que se abastecem do contrabando e do roubo de cargas, dentre outros crimes. E isso vem ocorrendo não somente nas estradas, mas também no campo, trazendo violência nas propriedades. Fomentar o mercado ilegal de produtos agroquímicos é fomentar a violência e o enriquecimento ilícito das quadrilhas”, destacou Luciano Barros, Presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico Social de Fronteiras (IDESF).
Nos primeiros dias do mês de setembro, diversas apreensões de agroquímicos já foram registradas, em operações da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
Também houve registros de recuperação de agrotóxicos furtados, como aconteceu na BR 280, em Três Barras (SC). Também são constantes as apreensões realizadas pela Receita Federal do Brasil e pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF).