Zé Elias Castro Gomes
Trabalhar como prefeito de Foz do Iguaçu é um novo desafio de vida já há alguns anos e resolvi enfrentá-lo depois atuar por um considerável tempo no setor produtivo como gestor de empresas que me orgulham muito pelo relativo sucesso que alcançaram, pelos empregos criados e, principalmente, por contribuir na formação da cidadania iguaçuense.
No último domingo, dia 23, o União Brasil reuniu filiados e pré-candidatos a vereador com a presença do senador Sérgio Moro, uma das principais lideranças do Paraná e do Brasil. Nesse encontro, o partido me indicou pré-candidato a prefeito e na ocasião disse que estreava na política sem as preocupações comuns em tempos de eleições marcadas pelo marketing, slogans, bordões e frases de efeito.
Aceitei esse desafio, por além de pautar os meus atos pela transparência, carrego o legado da minha família. Sou filho do meio, aprendi muito com meu pai, minha mãe e meus irmãos. Esses ensinamentos da família quero levar às pessoas na minha campanha como pré-candidato a prefeito de Foz do Iguaçu. A trajetória de vida me conduziu até este momento desafiador e sem precedentes.
Aprendi muito rapidamente o que é o senso de honradez. Meu pai era relojoeiro na cidade de Castro e me deu liberdade para, logo cedo, trabalhar com ele e fazer negócios com gente grande. Na casa dos sete anos de idade, eu já calculava, comprava, vendia e entendia a mecânica do empreendedorismo. Esse talento que se manifestou precocemente me seria muito útil anos mais tarde, quando migrei para o outro lado do estado: aqui, para Foz do Iguaçu.
Depois de estudar Direito em Presidente Prudente, vim para Foz do Iguaçu, a pátria do meu coração. Trabalhei como gestor em empresas, mas rapidamente percebi que minha vocação para o empreendedorismo exigia que metesse a mão na massa por conta própria, abrindo algum negócio, preferencialmente que estivesse conectado com as minhas origens no campo da educação, pois sou filho de professora e quase todas as minhas irmãs abraçaram essa profissão maravilhosa.
Foi assim que assumi uma escola com pouco mais de 60 alunos e, em 20 anos, a transformei no Colégio Semeador, com mais de 1,2 mil estudantes e cerca de 230 colaboradores. Também sou gestor de outras empresas, como, mais recentemente, em sociedade na Massa FM.
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Acreditei e acredito que meu talento empreendedor pode ser aplicado na gestão pública e os primeiros desafios foram no cargo de secretário municipal da Transparência e Governo. Em pouco tempo enfrentei os entraves, a burocracia e até os interesses que hoje comprometem a administração pública. A soma de todos esses reveses me fez pedir afastamento do cargo, o qual ocupei sem receber um único centavo, porque doei para a saúde pública todos os meus recebimentos.
Em todas as ações enquanto secretário, sempre tive em mente que precisava dar e ser exemplo para os servidores. Procurei articular e desenvolver projetos que, com a racionalidade do uso do dinheiro público, efetivamente atendessem a população com serviços públicos de qualidade e de excelência
As frustrações e decepções não serviram para me afastar da política. Pelo contrário, me fizeram perceber que uma gestão pública precisa, necessariamente, não ficar refém de qualquer tipo de interesse e nem lotar a máquina pública de apaniguados sem a competência para o exercício dos cargos em qualquer área de administração pública. Infelizmente e historicamente, guardadas as exceções, não é isso que acontece.
Antes de assumir essa nova missão, levei adiante uma outra causa de propósito extremamente positiva para Foz do Iguaçu: a conquista de número suficiente de eleitores para que a cidade pudesse ter segundo turno nas eleições. A campanha deu certo e agora Foz pertence ao seleto grupo de municípios que contam com esse recurso que reforça a democracia e a oportunidade do debate entre os candidatos e à população.
Agora, quero participar da vida da cidade de forma ainda mais ativa, nítida e cotidiana. Não apenas por me considerar preparado, mas principalmente porque moramos em um município que precisa de socorro. Vivemos em uma cidade sequestrada. Que arca com o peso da máquina pública e de quase 300 cargos comissionados, muitos dos quais ocupados por cabos eleitorais totalmente despreparados, sem a devida qualificação para as funções de necessidade pública das quais são responsáveis, ganhando mais que técnicos concursados.
Esses cargos comissionados geram despesas entre R$ 25 e R$ 30 milhões anuais. Com esse dinheiro, podemos resolver várias das mazelas dos serviços públicos: zerar o déficit de vagas de creches, ampliar e melhorar a saúde pública, incrementar a tecnologia utilizada para a segurança dos cidadãos. Defendo o corte de pelo menos 80% deles e em caso de necessidade sejam preenchidos através de concurso público
Vivemos uma crise de serviços básicos precários. O déficit em vagas para crianças nas creches é vergonhoso. A saúde pública está doente, sem infraestrutura adequada e atendimento de qualidade. Moramos em uma cidade turística que convive com a insegurança e o lixo nas ruas. Mais da metade da população ganha menos de dois salários mínimos. Somos uma cidade dependente do Bolsa Família, quase um terço da população é beneficiária do programa. Mais de quatro mil iguaçuenses precisam trabalhar em cidades vizinhas por não encontrar oportunidades em seu próprio município.
E o mais incrível é que esse quadro lastimável se faz presente em uma cidade abençoada pela natureza e com população tão trabalhadora. Temos atrativos turísticos, a Itaipu, uma tríplice fronteira borbulhando de boas oportunidades, a possibilidade de investimentos em parcerias com o sistema S. Temos oportunidades de emprego com potencial de qualificação. O que é que falta então? Boa vontade política!
Estamos ultrapassando a marca de 300 mil habitantes, mas os grandes players do mercado observam Foz de forma tímida, mesmo com todo potencial. Os empreendedores não podem ser percebidos como ameaça ou motivo de desdém. Eles são a força que impulsiona a empregabilidade e o crescimento da qualidade de vida da população.
Foz do Iguaçu tem um orçamento na casa de R$ 2 bilhões que provém diretamente dos impostos e repasses obrigatórios. Obviamente, essa cifra tão robusta só se torna suficiente se for destinada de forma correta às ações que beneficiem a população, sem desvios, sem incompetência e sem os favorecimentos a quem quer que seja. É um dinheiro que pertence aos iguaçuenses e a eles deve ser voltado.
Sou filho do meio e acredito que o melhor caminho é o do meio. É o caminho do equilíbrio, da sensatez, da conciliação. Os extremistas costumam debochar, dizendo que é o caminho dos que ficam em cima do muro, sem tomar posição. É uma grande bobagem porque muitas vezes também precisamos ser radicais: sou radicalmente contra a corrupção, a incompetência e a apatia. A honestidade não deve ser considerada virtude, é obrigação. Eu fui formado assim porque acredito em valores, principalmente naqueles que dizem respeito à proteção da família e ao cuidado com cada centavo do erário público.
Foz é a cidade onde constituí família e conquistei meus sonhos. Devo muito a essa terra maravilhosa e aos iguaçuenses, e tenho certeza de que não há melhor forma de retribuir do que dedicando todo o meu esforço, trabalho e obstinação no principal cargo do executivo.