A manhã de quinta-feira (24) ficou marcada pelo protesto de taxistas, remises e motoristas de ônibus e micro-ônibus pela reativação do turismo em Puerto Iguazú, no lado argentino da Tríplice Fronteira. Eles se concentraram na rotatória de entrada da cidade, próximo da aduana de acesso à Ponte Internacional Tancredo Neves, na fronteira com o Brasil. O governador de Misiones disse ontem que a fronteira segue fechada.
A segunda mobilização da comunidade pela reativação do turismo de Puerto Iguazú, em uma semana, começou antes das 8h da manhã. A mobilização foi motivada especialmente entre os taxistas e remises (condutores de veículos que transportam turistas). O ato contou com a adesão de outros setores que atuam no transporte de passageiros, como motoristas de ônibus e micro-ônibus.
A reativação do turismo, afirmam os participantes, depende da reabertura da Ponte Tancredo Neves, por onde passaram os mais de 1,5 milhão de visitantes em 2019. A via, assim como a Ponte Internacional da Amizade, na fronteira do Brasil com Paraguai, está fechada desde o dia 18 de março, início da pandemia do novo Coronavírus.
“Pedimos a ativação do turismo em Iguazú já que muitas famílias dependem dessa atividade e estão 6 meses sem poder gerar renda, a situação econômica se complica dia a dia”. O relato é de Freddy Rios, um dos organizadores da mobilização, segundo Kelly Ferreira, do portal LaVozdeCataratas.com.
Concentração
Os manifestantes colocaram os veículos nas laterais da rotatória com faixas e banners relatando a situação. “Vamos salvar o turismo em Iguazú”, ressaltou Rios. De acordo com os organizadores, todos os trabalhadores do volante de Puerto Iguazú estão apoiando a mobilização.
Eles também abrem convite para outros setores. A atividade é uma das mais atingidas pela pandemia. “As contas estão chegando às nossas casas para que isso não aconteça devemos avaliar como voltar ao trabalho”, informam.
“A pandemia é um fato, hoje temos que conviver com o vírus dentro das normas de conduta com responsabilidade social”, dizem. Segundo Rios, é preciso continuar o dia a dia devido as pressões econômicas a que estão expostos. “Sem trabalho, é impossível sobreviver”, completou.
Resistência
A reabertura da fronteira com o Brasil não será assim tão simples. O governador da Província de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, disse novamente ontem que elas continuarão fechadas. Na Argentina, quem decide de fato sobre as fronteiras é o presidente Alberto Fernández, após o governador indicar a reabertura, informou Kelly Ferreira.
“A prioridade sobre o tema é a saúde”, voltou a recordar o deputado nacional de Misiones, Ricardo Wellbach, ao defender o atual “bloqueio” da fronteira. “Se pode atender as questões por razões humanitárias e sanitárias”, afirmou ele, descartando qualquer possibilidade de abrir a fronteira, uma vez que a “importação e exportação de produtos e mercadorias está legalmente permitido”, concluiu.
Segundo ato
Na manhã da última segunda (21), integrantes de diferentes setores da indústria se reuniram na Praça San Martín e depois marcharam em direção ao Marco das Três Fronteiras de Puerto Iguazú. Sem o turismo, a situação é insustentável, afirmaram.
O ato foi liderado pelo prefeito Claudio Raúl Filippa, o advogado Leopoldo Lucas, titular da Iturem, empresários e trabalhadores de diversos setores de um dos destinos mais visitados da Argentina. De acordo com Filippa, todos sabem do grande esforço e sacrifício que os trabalhadores estão fazendo, “mas tudo tem um limite”.
Comissão
O Ministério do Turismo e Esportes da Argentina anunciou ontem a criação de um Conselho Interministerial para tratar das questões relacionadas a pandemia e a reativação da atividade turística em todo país. O grupo será presidido pelo ministro Matías Lammens, vai funcionar como um órgão consultivo.
Terá como missão ainda convocar especialistas e representantes do turismo para debater e preparar protocolos sanitários com base no monitoramento epidemiológico da Argentina. A coordenação do conselho, segundo o ministro, também contará com participação de autoridades das províncias e dos municípios.
Por: GDia