Quando a cidade vira motivo de orgulho do povo

Quando as pessoas voltam a falar bem do lugar onde vivem, é sinal de que alguma coisa importante está dando certo

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Por João Zisman

Autoestima coletiva não se impõe, se constrói. E não se constrói apenas com obras ou anúncios de governo. Ela nasce do que é visível, sim, mas também do que é vivido. Um lugar onde o poder público cumpre seu papel com seriedade inspira confiança, e essa confiança, quando compartilhada, vira orgulho.

É nesse espaço que o chamado “bairrismo sadio” ganha força. Aquele sentimento legítimo de quem defende sua cidade não por comodismo ou fanatismo, mas porque reconhece suas qualidades e aposta no seu potencial. Orgulho bom é o que une, não o que afasta. É o que incentiva o cuidado com a rua, a praça, a escola pública, o comércio do bairro. É o que leva alguém a dizer com convicção que mora ali, trabalha ali, e acredita no que ali pode ser.

Alguns exemplos ajudam a ilustrar isso. Brasília, tantas vezes rotulada pelo noticiário político, conseguiu construir uma referência positiva que resistiu ao tempo. Quando se decidiu investir numa campanha para que os motoristas respeitassem a faixa de pedestres, muita gente duvidou. Mas a prática pegou. A população aderiu, os visitantes notaram e, com o passar dos anos, aquele gesto simples de parar para o pedestre virou símbolo de civilidade. Mais do que uma regra de trânsito, virou motivo de orgulho.

Quando a população percebe que há esforço real e compromisso diário da administração pública para cuidar da cidade, o sentimento de pertencimento se fortalece. A melhoria dos serviços, a presença constante das equipes nas ruas e a seriedade com que os problemas são enfrentados reforçam a confiança de que as mudanças estão acontecendo. Esse ambiente de responsabilidade institucional permite que o cidadão se envolva de forma positiva, respeitando os limites da lei e reconhecendo que o protagonismo da transformação começa com o poder público e se amplia com a participação consciente de todos.

Isso não é discurso de manual. É experiência real. Quem já viu uma cidade recuperar o entusiasmo sabe que isso não depende apenas de grandes investimentos, mas também de uma virada simbólica. De um novo olhar. De uma nova energia entre as pessoas. Não basta a prefeitura fazer. É preciso que o morador sinta que também faz parte do que está sendo feito.

O espírito de corpo nasce aí. Na compreensão de que ninguém transforma nada sozinho. De que cada um tem um papel, e que esse papel tem valor. Com isso, a crítica construtiva é bem-vinda, e o elogio justo também. Não se trata de ignorar os problemas, mas de não permitir que eles se tornem identidade. Nenhuma cidade precisa ser perfeita para ser motivo de orgulho. Basta ser viva, ativa e comprometida com a própria melhoria.

Pertencer faz bem. E quando as pessoas voltam a falar bem do lugar onde vivem, é sinal de que alguma coisa importante está dando certo.

* João Zisman é jornalista e secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Foz do Iguaçu.


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