Revista Crusoé revela como era gasto dinheiro da Itaipu nas antigas diretorias

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A edição do final de semana da Crusoé revelou como era gasto parte dos recursos da Itaipu, até o início da nova gestão em 2019. As informações chamaram à atenção da imprensa após o presidente Jair Bolsonaro assinar uma portaria substituindo o diretor Jurídico da Binacional, Cezar Ziliotto, pela servidora de carreira Mariana Favoretto Thele. Ninguém explicou os motivos até então. As informações são do Gazeta Diário.

Em reportagem assinada pelos jornalistas Caio Junqueira e Mateus Coutinho, intitulada “Usina de Mordomias”, a Crusoé revela que os ministros das mais altas cortes de Justiça do país viajaram pelo Brasil e exterior com passagens e hotéis pagos pela Itaipu. A “farra” acabou com a posse do novo diretor-geral, general Joaquim Silva e Luna.

Ao assumir direção-geral brasileira da hidrelétrica, Silva e Luna adotou uma linha de austeridade no cumprimento de sua missão: gerir bem Itaipu, melhorando o emprego do uso de recursos como uma ação de responsabilidade e de respeito ao consumidor que paga a conta da energia elétrica. O ritmo de trabalho calcado na moralidade incluiu corte de gastos e aplicação dos recursos em obras estruturantes, como a segunda ponte com o Paraguai e a Avenida Perimetral Leste.

Até então, de acordo com a revista, a mordomia “corria solta” na binacional. Segundo a Crusoé, a Itaipu tinha virado uma “generosa fonte de recursos para bancar a doce vida de altas autoridades do Judiciário em eventos pelo mundo”. Entre os “beneficiados” estão “ministros do STF, STJ e TST, além de tribunais regionais federais e de tribunais estaduais”.

Contexto
Os jornalistas lembram que, desde 2013, a empresa desembolsou pelo menos R$ 16 milhões para eventos jurídicos diversos. “O dinheiro que saía dos cofres de Itaipu custeou dezenas e dezenas de passagens em classe executiva para os Estados Unidos e a Europa e hospedagem em hotéis estrelados. Também foi usado para pagar palestras proferidas por magistrados”.

A lista obtida pela Crusoé inclui magistrados que de alguma forma tiveram despesas custeadas pelos cofres de Itaipu. São “seis dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal: o atual presidente da corte, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski”.

Envolvimento
A reportagem mostra ainda, como beneficiado, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, “João Otávio de Noronha, e outros 18 ministros da corte”. O ministro Ricardo Lewandowski também é citado na matéria, que viajou no ano passado com a mulher Yara de Abreu Lewandowski, para Lisboa.

“Em Portugal, o casal visitou outras cidades até que, em 4 de julho, seguiu para Madri. Três dias depois, eles seguiram para Londres em 7 de julho”, informam os jornalistas. De acordo com o texto, foi de lá que partiu o voo do casal de volta para o Brasil, em 21 de julho, com tudo bancado com recursos de Itaipu, “sob o argumento de patrocinar o Seminário de Verão realizado na Universidade de Coimbra”.

“Aliado”
A Crusoé informa que as mordomias eram facilitadas porque as “excelências convidadas”, além das entidades que as convidavam, tinham na Itaipu um aliado. “Trata-se de Cezar Ziliotto, nomeado em 2013 para o cargo de diretor-jurídico da binacional. A nomeação foi assinada pela então presidente Dilma Rousseff”.

De acordo com a reportagem a boa vontade do diretor, nos convênios com entidades jurídicas, o aproximou, primeiro, de Gilmar Mendes, dono do IDP. “Depois, ele ficou próximo também de Dias Toffoli”. Os dois ministros, ainda segundo a revista, acabaram o transformando numa espécie de afilhado político em Brasília.

“Quando Michel Temer chegou ao poder, em 2016, houve uma corrida pelo cargo, mas Ziliotto foi mantido”. Ao ser questionado pela reportagem, Ziliotto disse que “Iinexistem mordomias. Itaipu sempre teve uma política de incentivo à promoção de iniciativas culturais, sociais e jurídicas”.

Em reposta à revista, a Superintendência de Comunicação da Itaipu informa que “todos os contratos e convênios sem aderência à missão de Itaipu foram cancelados ou não renovados na gestão do general Silva e Luna”.

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