Sem ações ambientais, Brasil e Paraguai teriam perdas bilionárias com Itaipu

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Os cuidados socioambientais promovidos pela empresa alongam a vida útil da usina e, com isso, o faturamento com a venda de energia

Sem os mais de 100 mil hectares de áreas protegidas, entre outros cuidados socioambientais em torno da usina binacional de Itaipu, o reservatório localizado na fronteira entre Brasil e Paraguai receberia, a cada ano, sedimentos em um volume que encurtariam a vida útil da usina. Com isso, ambos os países deixariam de faturar bilhões de dólares com a venda de energia.

Os dados fizeram parte de um estudo apresentado pela Itaipu na manhã deste sábado (7), em Madri, Espanha, durante a Conferência Mundial do Clima (COP 25), em um evento promovido conjuntamente com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (UNDESA). O estudo tem o objetivo de precificar os serviços baseados na natureza, também chamados de ecossistêmicos.

“Para que Itaipu siga produzindo energia para ambos os países no longo prazo, é necessário que a empresa atue na gestão territorial para assegurar a qualidade e a quantidade de água. Cuidar do meio ambiente faz parte do nosso negócio”, assegurou o general Luiz Felipe Carbonell, diretor de Coordenação da margem Brasileira da usina.

Carbonell fez a abertura do evento juntamente com seu par paraguaio, o diretor de Coordenação executivo Miguel Gómez Acosta, que destacou a importância de que essa gestão ocorra de forma binacional, em ambas as margens do reservatório. “Graças a essa atuação da Itaipu, as áreas protegidas são hoje reconhecidas pela Unesco como Reserva da Biosfera e desempenham um papel na região que vai muito além de beneficiar a geração de energia.”

Os dados apresentados pela Itaipu chamaram a atenção da chefe da área de Mudança Climática e Biodiversidade, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Valerie Kapos.

“Fico feliz em ver exemplos como os de Itaipu, em que as empresas estão colocando números que demonstram como os serviços baseados na natureza podem contribuir para a longevidade e a minimização de riscos para os negócios”, afirmou Valerie, acrescentando que o PNUMA vem trabalhando no desenvolvimento de orientações para a formulação de políticas públicas nessa área e que o caso de Itaipu deve contribuir para essa linha de atuação.

O painel “Soluções em água e energia e suas interconexões com serviços ecossistêmicos” foi moderado pelo ministro da Transição Ecológica da Espanha, Manuel Menéndez, e aberto pelo secretário de Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, Roberto Castelo Branco, que destacou a importância estratégica da Itaipu para ambos os países e seu papel como caso bem-sucedido de geração hidroelétrica com responsabilidade social e ambiental.

As apresentações foram conduzidas pelo superintendente de Gestão Ambiental da margem brasileira da Itaipu, Ariel Scheffer da Silva; pelo gerente da Divisão de Reservatório e Áreas Protegidas do lado paraguaio da Itaipu, Hilario Hermosa; Valerie Kapos; e pelo diretor da South Pole Funds & Platforms, Patrick Burgi. O debate foi acompanhado por representantes de diversos países, observadores e integrantes de organismos da ONU. O ex-presidente do Paraguai e atual diretor da binacional Yacyretá, Nicanor Duarte Frutos, também esteve presente.

Estudos de caso
A discussão sobre serviços ecossistêmicos foi precedida de outro painel da Itaipu em parceria com a UNDESA (Abordagens integradas sobre água e energia e atividades em apoio ao Acordo de Paris e aos ODS), em que a binacional apresentou 17 estudos de caso mostrando como a empresa atua na promoção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que compõem a Agenda 2030.

O diretor do Instituto de Mudança Climática da Guatemala, Alex Guerra, que participou do painel, afirmou se tratar de uma grande oportunidade de mostrar boas práticas no contexto dos ODS, que contribuem tanto para o manejo da água e a geração de energia limpa, quanto para a conservação de ecossistemas, o sequestro de carbono e a qualidade de vida das comunidades, de forma interconectada.

“Venho acompanhando apresentações da Itaipu nos últimos três anos e é impressionante como uma hidrelétrica desse tamanho consegue desenvolver projetos nessa escala”, disse. “E é importante enfatizar que isso se dá de forma binacional. Enquanto muitos países vivem situações de conflito em torno de águas transfronteiriças, Brasil e Paraguai conseguem apresentar um exemplo bem-sucedido”, completou.

O painel contou ainda com a participação do ex-chefe de Energia, Água e Capacitação da UNDESA, Ivan Vera; de integrantes da equipe de sustentabilidade da Itaipu, Lígia Leite Soares (Brasil) e Maria Eugenia Alderete (Paraguai); da chefe da Seção de Energia da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental, Radia Sedaoui; da conselheira da Missão Permanente do Marrocos na ONU, Meriem El Hilali; de Alex Guerra e de Cristina Díez Santos, da Associação Internacional de Hidroeletricidade (IHA, em inglês); e do diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores, Leonardo Athayde.

Reuniões
A agenda da Itaipu na COP 25, neste sábado, finalizou com duas reuniões bilaterais. Com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a empresa discutiu a possibilidade de gestão binacional do Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), que tem sede em Hernandarias e é apoiado pela margem paraguaia da usina com a chancela da Unesco.

Com o Permian Global, a empresa buscou informações sobre mecanismos de negociação de créditos de carbono que possam vir a ser aplicados a seus projetos.

Foto: Romeu de Bruns/Itaipu Binacional

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