Senti pena do Bolsonaro, sozinho, num bandejão em Davos, por Eduardo Matysiak

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Senti pena de ver a figura de Jair Bolsonaro sozinho, isolado num bandejão em Davos, na Suíça, enquanto os maiores líderes mundiais, empresários e jornalistas discutiam questões urgentes, incluindo economia e meio-ambiente para o futuro global.

Usar o discurso de que ele é simples e optou por comer em um lugar barato para economizar é conversa para boi dormir.

Naquele momento, não precisávamos de populismo e marketing barato. Um lado que nunca foi seu, fato comprovado quando usufruiu de auxílio- moradia (mesmo tendo imóvel próprio) e do auxílio-mudança.

Bolsonaro recebeu da Câmara R$33,7 mil referentes a auxílio três dias antes de renunciar ao mandato de deputado federal para assumir a Presidência.

A viagem do clã Bolsonaro já se previa um fracasso. Viajou no aerolula ao qual ele e sua trupe sempre criticaram.

Sinto pena do Brasil, que voltou ao mapa da fome e à fidelidade canina aos EUA.

Oficialmente, o Jair nos representa, na prática, não, pois insiste no discurso de ódio, perseguição, despetização. Seu discurso vazio não representa ninguém.

“O Brasil é um grande país. Merece alguém melhor”. São as palavras do americano Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia. “Ele me dá medo”, insistiu.

Medo e insegurança. Foi assim que empresários e economistas da elite mundial financeira internacional receberam, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o discurso de Bolsonaro – que, em 6 minutos, disse que o Brasil “mudou”.

Bolsonaro quer que o Brasil, atualmente 109º na classificação de melhores países, fique entre os 50 primeiros em quatro anos. Na visão de especialistas isso é impossível.

Em 2007, o ex-presidente Lula brilhou em Davos, com um discurso forte, cheio de vontade e imponência, falou por quase 40 minutos.

Três anos depois, o ex-metalúrgico terminou seu mandato cumprindo boa parte de suas promessas, tanto que em 2010 recebeu do fórum o prêmio estadista do ano.

Jair e seus ministros cancelaram a última coletiva de imprensa. O motivo?

Segundo seus ministros, cansaço, mas internamente o que pesou foram as fortes suspeitas em torno do filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro e de seu amigo Fabrício Queiroz.

Nossa nação voltou ao complexo de viras latas, da chacota internacional, de baixar a cabeça para os interesses dos EUA, sem patriotismo.

O Brasil está dividido. Bolsonaro é a tragédia anunciada. O fim da corrupção está longe de acabar, ele só acabou com os ministérios da Cultura, Trabalho e Esporte.

Ousou dizer que nosso país é o que mais preza pelo meio ambiente. Mentira!

A cada dia nossas florestas são dizimadas pelos motosserras de ouro. Sinto pena daqueles que votaram na ilusão. Sinto pena do Brasil.

Eduardo Matysiak é fotojornalista e produtor cultural

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