A rede de atenção aos pacientes do novo coronavírus (Covid-19) entrou em colapso em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu (Paraguai e Brasil). Com a disparada de casos confirmados com sintomas graves nas últimas semanas, os médicos estão tendo que escolher qual paciente poderá utilizar os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) denuncia a Associação de Médicos do Alto Paraná.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Paraguai confirmou desde o início da pandemia, 124.447 casos da doença. Deste total, 100.085 estão recuperados. O país já registrou 2.556 óbitos em decorrência da doença. O Departamento de Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, tem até o momento 9.101 moradores que testaram positivo para Covid-19, com 7.489 recuperados e 335 mortes.
A presidente da Associação de Médicos, Idalia Medina, confirmou que, com a falta de leitos, os profissionais da saúde estão escolhendo quem será internado na UTI. “Os pacientes já esperam e se há algum com comorbidade e outro jovem sem, obviamente será preciso escolher qual paciente entra e qual não, na terapia intensiva”, disse a médica em entrevista à rádio Universo 970 AM.
Idalia ressalta que o sistema de saúde no Alto Paraná está à beira do colapso e que ampliar o número de leitos de UTI, neste momento, não é a solução. Isso por que, ainda de acordo com a presidente da Associação, não há mais especialistas disponíveis no país. “Estar em uma unidade de cuidados intensivos não é apenas estar conectado aos aparelhos”, ressaltou.
“Se hoje aparece cinco pessoas precisando de terapia intensiva e um é jovem, lastimosamente é ele que vai entrar”, reafirmou doutora Idalia. Que completou: “Chegam pacientes graves e não sabemos onde coloca-los”.
Em alta
O GDia pautou, na última semana, o alto índice de ocupação de leitos de UTI em Ciudad del Este. De acordo com a reportagem, veiculada na quinta-feira (14), o Hospital Integrado do IPS já estava com 98% de ocupação das camas especiais.
De acordo com as equipes, praticamente todos os pacientes com Covid-19 internados eram moradores do Alto Paraná. O diretor do Hospital Regional, Federico Schordel, informou que a ocupação de leitos estava no limite e que o aumento de casos era preocupante.
“A minha (preocupação) nunca foi intimidação, mas empoderamento, peço consciência as pessoas. O mundo está passando por tempos muito difíceis. Sabemos que não vamos fechar tudo de novo, mas temos que cuidar de nós mesmos”, afirmou. Schordel pediu as pessoas evitarem sair e conhecer estranhos.
O Hospital Regional dispõe de 30 camas especiais (UTI), sendo que 29 estavam em utilização. A rede somava ainda 35 pacientes na enfermaria de internação e oito na enfermaria de reanimação, além de dois na UTI Pediátrica.
Prisional
O sistema carcerário do Paraguai também enfrenta dificuldades devido ao grande número de internos infectados pela Covid-19. De acordo com o vice-ministro de Política Criminal do Ministério da Justiça, Rubén Maciel, existem 100 casos confirmados nas prisões do país.
O índice pode aumentar, segundo informou o ABC Color, uma vez que ainda estão a espera de confirmação de casos suspeitos pendentes. Os casos confirmados até o momento, de acordo com Rubén Maciel, estão em sete centros, incluindo a Penitenciária Feminina Juana María de Lara de Ciudad del Este.
Por: GDia