Ao contrário do que se pode imaginar, a região que abriga a “terra do fim do mundo”, não é onde tudo acaba. A Patagônia é o reduto de um berçário que guarda belezas que impressionam viajantes do mundo todo.
Lagos e rios com água em tom esmeralda, vales verdes ou brancos, dependendo a época do ano, montanhas com cume cobertos de “neve eterna” e florestas de pinheiros nas encostas, desertos e vulcões em atividade.
A Patagônia é de tirar o fôlego. A região geográfica, dividida entre Argentina e Chile, vai do extremo sul do continente (Terra do Fogo e Ushuaia) até a parte mais ao sul da Cordilheira dos Andes.
É dentro deste cenário de beleza cinematográfica que um roteiro é cada vez mais procurado por viajantes que gostam de rodar grandes distâncias de carro, moto, de bicicleta e até carona, no caso dos mais destemidos.
Nesta aventura, partimos da região de Foz do Iguaçu, no Paraná, até a Patagônia Andina, que abrange a região dos lagos em Bariloche e San Martín de Los Andes, pela Argentina, e o Circuito Turístico do Lago Llanquihue e o Vulcão Osorno, pelo lado chileno.
A viagem começa pela Ruta 14, acessível antes de chegar à Posadas. No percurso, cruzando as províncias de Misiones, Corrientes, Entre Rios e Buenos Aires, temos um bom quadro da economia regional, que vai da exploração de matas de reflorestamento, agricultura e pecuária.
O cenário muda radicalmente ao cruzar o deserto das províncias de La Pampa, Rio Negro e Neuquén, que já integram geograficamente a Patagônia. A paisagem é tomada por dezenas de bombas de extração de petróleo e a forte presença da multinacional brasileira Petrobras.
A chegada à região da Cordilheira dos Andes, ao final do terceiro dia de estrada, é a recompensa mais que justa a todos os aventureiros. Lagos de água esmeralda vão surgindo rodeados por paredões de montanhas dos mais variados relevos e tons – “cada cor, é resultado de diferentes idades geológicas”, explicam os nativos.
A “Rota dos Sete Lagos” compreende o trecho de pouco mais de 100 quilômetros entre San Martín de Los Andes e a Villa La Angostura.
Percorrer o trecho, no entanto, pode durar até mais de quatro horas, como revelou o médico Renato, que fez o percurso de carro a partir do Distrito Federal.
A beleza da região dos lagos é a dose exata para a paciência no longo período de espera para cruzar o Paso Cardenal Antonio Samore, onde estão as aduanas argentina e chilena na fronteira entre os dois países.
A chegada ao Complexo Turístico do Lago Llanquihue revela que a grande aventura valeu a pena. É neste circuito, de mais de 180 quilômetros no entorno do reservatório, que está vulcão Osorno, símbolo do turismo do Sul do Chile.
O início do programa, que na maioria dos casos tem como porto de partida a cidade de Puerto Varas, não pode deixar de fora passagens pelo rio Petrohué e um passeio pelas águas cristalinas do Lago de Todos Los Santos, de onde é visível a majestade do vulcão, cuja última atividade ocorreu em 1869.
O Osorno tem um cone perfeito com 40 crateras que se agrupam ao redor da base. Tanta beleza chamou a atenção do cientista Charles Darwin, que observou uma erupção da montanha em 1835, segundo relatos dos nativos.
O vulcão é palco de um centro de esqui que funciona o ano todo.
Pelos teleféricos é possível alcançar o ponto mais alto permitido aos turistas, a mais de 2,6 mil metros de altitude, onde existem depósitos de neve eterna que fazem a festa dos visitantes no verão. Do alto uma vista impressionante do lago Llanquinhue.
Ronildo Pimentel, especial para a Revista Ideias