Um bate-papo com o Dr. Renato Gonçalves dos Santos, um dos pioneiros da odontologia na tríplice fronteira
Por Marcos Kidricki Iwamot
Um dia desses tive a honra de conversar com o Dr. Renato dos Santos, o curitibano mais gente boa do pedaço. Ele é o dono de uma simpatia e um charme incríveis, que conquistam todos.
Trata-se do dentista mais antigo da cidade…
Chegou por aqui em 1961, como funcionário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, que ficava dentro do prédio da prefeitura, próximo à praça Getúlio Vargas.
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Abrigou-se no Hotel Santa Felicidade, a antiga rodoviária da cidade, situada em frente ao Ítalo do centro. Mais tarde, conseguiu um quarto no saudoso edifício “Balança mas não cai”.
“Naquela época era difícil encontrar um lugar para morar, pois não haviam casas suficientes para todos que chegavam”, comentou.
Formou-se em Odontologia pela UFPR, antes de vir a Foz. Uma profissão que sonhava em exercer, mas não tinha condições de montar sua clinica, o que só aconteceria mais tarde.
“A minha função no IBGE era coletar impostos dos cinemas como o Cine Star, feita por meio de selos”, disse. Porém, não demorou muito para começar a investir no antigo sonho.
Em 1962, com um empréstimo do Banestado ele comprou equipamentos para seu primeiro consultório, que ficava em um imóvel do Sr. Vanor Andrion, em frente ao Batalhão.
Logo no primeiro dia, recebeu mais de dez pacientes, desde então nunca mais parou
“Nesse tempo o motor dos consultórios era movido a pedal, pois não existia eletricidade, que só chegou mais tarde com a construção da usina do Rio Ocuí”, lembrou.
Foi nesse caldo que se criaram o Dr. Balduíno Weirich, o Dr. Renato, os dentistas do Batalhão, e todos os responsáveis pelos passos iniciais desta profissão na tríplice fronteira
Em seguida, começou a atender no consultório onde atualmente está o Edifício Metrópoles, de propriedade do Sr. Balduíno Weirich, um dos primeiros “práticos” a chegar na cidade.
Nesse ponto, disse com a maior franqueza:
“Antigamente, a odontologia era exercida pelos práticos que não cursavam formalmente uma faculdade, mas atendiam com muita presteza e competência, nunca houve rixa entre nós”.
Atendeu também na Av. Brasil, ao lado de onde é a Loja Pernambucanas, até se estabelecer na charmosa casa de madeira onde foi a primeira “4 Sorelle”, na subida da Almirante Barroso.
Ele foi por algum tempo um dos proprietários desta tradicional cantina italiana 🇮🇹
Um cidadão notável, participou do Conselho da Santa Casa, da Associação dos Dentistas, do Rotary Club e mesmo sendo botafoguense, foi o mestre de cerimônias do Flamengo de Foz.
Apesar de tocar violão com destreza, o que ele sempre gostou mesmo é de dançar…
Foi no baile do Gresfi que o Sr. Renato dançou pela primeira vez com o grande amor da sua vida, a Sra. Mercedes Tereza Maran. Com ela se casou, teve cinco filhos e onze netos
A propósito…
A Sra. Mercedes Maran Santos cumpriu a sua missão com notável dedicação e carinho. Ela lecionou nos principais colégios: Bartolomeu Mitre, Monsenhor Guilherme, Júlio Pasa, etc.
Uma professora inspiradora, que fez diferença na vida de milhares de iguaçuenses…
Acreditamos que ela mereça uma homenagem com o seu nome em uma instituição de ensino. Porém, mesmo com indicação dos vereadores, essa demanda (justa) ainda não foi atendida.
Então, o que nos resta é usar este espaço para agradecer ao Sr. Renato e a Sra. Mercedes, por tudo o que fizeram pela saúde e pela educação da nossa terrinha. Muito obrigado
- Marcos Kidricki Iwamoto é Auditor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)