Evento online começa nesta sexta e reúne vários especialistas para discutir estratégias para proteger a espécie
Começou ontem (16) e vai até o dia 23, de maneira online, a oficina para elaboração do Plano de Ação e Avaliação das Estratégias para Conservação da Saíra-apunhalada. O evento conta com a participação de pesquisadores, proprietários rurais, representantes de órgãos ambientais e organizações não governamentais (ONGs), que vão discutir estratégias para salvar a saíra-apunhalada da extinção, uma ave capixaba que conta com apenas 11 indivíduos no planeta.
“Estamos muito felizes em participar desse importante evento, e esperamos que ele traga nova esperança para a saíra-apunhalada”, comenta Ben Phalan, chefe de conservação do Parque das Aves.
Uma ave à beira da extinção
A saíra-apunhalada (Nemosia rourei) é uma pequena ave nativa e endêmica da Mata Atlântica, ou seja, só vive nesse bioma. Ela é considerada uma das aves mais ameaçadas do planeta, encontrada em somente duas localidades do Espírito Santo.
“Para salvar uma espécie tão ameaçada, precisamos ter todos trabalhando juntos – incluindo conservacionistas, proprietários de terras, funcionários públicos, zoológicos, pesquisadores e empresas”, complementa Ben.
Uma das principais causas da situação preocupante em que a espécie se encontra é o desmatamento, que limitou o habitat da saíra-apunhalada a pequenos fragmentos da floresta original no Espírito Santo.
O nome popular da espécie, saíra-apunhalada, faz referência às penas vermelhas na área da garganta da ave, remetendo a uma mancha de sangue, como se o animal tivesse sido apunhalado.
Esperança para a espécie
O evento, que começa na sexta, 16 de abril, vai reunir especialistas e outras pessoas da região onde a espécie ocorre para avaliar e delinear um plano para sua recuperação, assim como chamar a atenção das pessoas para a espécie. Ao todo estarão reunidos 50 participantes representando seis países, incluindo especialistas em conservação de aves ameaçadas de extinção, bem como representantes de órgãos ambientais, comunidades locais e ONGs, para discutir as ameaças e propor ações para conservação da saíra-apunhalada.
“Na oficina utilizaremos uma metodologia testada com diversas espécies para avaliar cuidadosa e sistematicamente as possíveis estratégias de manejo integrado, bem como para elaboração de ações que serão construídas em consenso com atores com diversos pontos de vista”, diz Fabiana Rocha, coordenadora do Centro de Sobrevivência de Espécies Brasil (CSE Brasil).
O workshop é uma parceria entre várias instituições: o Instituto Marcos Daniel (IMD), a Transmissora Caminho do Café SA (TCC/ALUPAR), o Parque das Aves, o Instituto Claravis, o CSE Brasil e o CEMAVE. A iniciativa integra o Plano de Ação Nacional de Aves da Mata Atlântica, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A oficina será facilitada por representantes do CEMAVE e do Grupo Especialista em Planejamento de Conservação (CPSG) da Comissão de Sobrevivência de Espécies, da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), e Parque das Aves.
“Esse evento será fundamental para orientar e respaldar a continuidade das ações que já vêm sendo desenvolvidas pelo Programa de Conservação da Saíra-apunhalada, que é desenvolvido pelo Instituto Marcos Daniel e pela Transmissora Caminho do Café. As recomendações que serão formuladas no evento serão baseadas no consenso dos participantes obtido através de uma metodologia consagrada mundialmente”, comenta Marcelo Renan Santos, presidente do Instituto Marcos Daniel.
Foto da saíra-apunhalada: Ciro Albano