A Ponte Internacional da Amizade, ícone da integração entre os povos da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, completa desde sua inauguração 59 anos nesta quarta-feira (27 de março).
A estrutura sobre o rio Paraná que une Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, representou um marco da engenharia brasileira entre as décadas de 1950 e 1960. Ela demorou 9 anos para ser levantada e aberta para o público e recebe hoje aproximadamente 40 mil veículos e 100 mil pessoas todos os dias.
Foz do Iguaçu era uma cidade promissora na década de 1950, em função de que, nos anos anteriores, o governo federal promoveu um investimento pesado em obras no Parque Nacional do Iguaçu. O acesso às Cataratas do Iguaçu, na fronteira do Brasil com a Argentina, foi apenas um dos aspectos visíveis das melhorias na economia do município. A intenção era tornar a a região um destino turístico nacional e internacional.
Mesmo com tantos investimentos, o principal acesso à Tríplice Fronteira continuava a ser pela Argentina ou São Paulo, principalmente pelo rio Paraná. Para chegar a capital do Paraguai, o caminho mais indicado e mais viável era ir até Encarnación, em frente a Posadas (Argentina), que já contava com ferrovia até Assunção.
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Em meio a este cenário, os então presidentes Alfredo Stroessner e Juscelino Kubitschek (Paraguai e Brasil) se encontraram no Hotel Cassino, em Foz do Iguaçu, para discutir a proposta de uma ponte sobre o rio Paraná. Num primeiro momento, a obra dava a impressão de ligar o nada a lugar algum, impasse que começou a ser superado com um projeto ousado de unir os dois países, permitindo um acesso terrestre ao Oceano Atlântico.
A ponte começou a ser construída em 1956, sob a chefia do engenheiro Almyr França. Na época, para que a navegação não fosse interrompida durante os trabalhos, foi elaborada uma estrutura sustentada sobre arco, um recorde mundial de vão em ponte de concreto armado e arco engastado. Nove anos depois do início das obras a ligação entre Brasil e Paraguai foi inaugurada, no dia 27 de março de 1965.
Desafios e inauguração
A Ponte da Amizade foi uma das obras mais engenhosas das décadas de 1950 e 1960. As variações e a navegação do rio Paraná foram apenas alguns dos desafios enfrentados pelos engenheiros da época. O arco formado pelo enorme vão livre da ponte não é apenas um detalhe da arquitetura. O objetivo era permitir a navegação mesmo sob o período de cheia do rio.
A construção da ponte também demandou uma considerável mão de obra. Assim como no Parque Nacional, onde foi construída uma pequena vila com 18 casas e na Itaipu, mais tarde, com 11 vilas e mais de 9,5 mil casas, no entorno do canteiro de obras da ponte também foi fundada uma vila, que abrigou os operários da construção civil e seus familiares.
Integração e amizade
Ao longo dos 59 anos da inauguração, a Ponte da Amizade se tornou mais que um símbolo de integração, se tornou em sinônimo de amizade entre os povos que habitam a região, com moradores de mais de 80 diferentes etnias. É uma passarela que reune diariamente gente de todas as cores, sotaques e línguas, pessoas que cruzam a fronteira como alternativa de emprego e renda.
A ponte foi construída pela união de brasileiros e paraguaios e se tornou referência arquitetônica para a época.
Ostentou o título de maior arco de concreto do mundo, com um vão-livre de 70 metros de altura para a passagem de navios. No pico da construção, em 1959, contou com mais de mil trabalhadores. Muitos, especialmente do lado paraguaio, vieram de outras regiões e aqui se estabeleceram após sua conclusão.
Com informações de GDia