Um motorista resumiu muito bem, segundo o deputado Romanelli (PSB), o que significa os acordos de leniência feitos pelo Ministério Público Federal e as empresas do pedágio no Paraná. “Isso é troco da propina”, disse o motorista ao ser entrevistado por uma emissora de TV sobre a redução em média de 30% na tarifa cobrada em seis praças de pedágio na BR-277.
“Ele está absolutamente certo. Digo e repito, os acordos são lesivos. São apenas um salvaguarda, uma espécie de salvo conduto, que libera as empresas a participar da próxima licitação das concessões das rodovias do Paraná”, disse Romanelli.
Esta redução começam a valer a partir desta terça-feira, 1º de outubro, nas praças exploradas pela Ecocataratas e a Ecovia nos trechos da BR-277 entre Foz do Iguaçu e Guarapuava e entre Curitiba e o litoral. No caso da Ecovia, na ligação capital-litoral, o valor para carros deve cair de R$ 20,90 para R$ 14,60. Nas cinco praças da Ecocataratas, os preços para automóveis que variam atualmente entre R$ 12,50 e R$ 16,40 devem cair para valores na faixa entre R$ 8,80 e R$ 11,50.
“Todos são a favor da redução das tarifas do pedágio. Ninguém é contra, mas da forma que foram feitos e homologados os acordos de leniência, eles atendem mais os interesses das pedageiras do que os usuários das rodovias. Em 21 anos de contratos, as seis concessionárias vão faturar R$ 21 bilhões é um dinheiro que fez muita falta aos usuários, ao setor produtivo, que encareceu os fretes e as mercadorias que ainda circulam pelas rodovias no Estado”, completou.
Dano causado – Integrante da força-tarefa da Operação, o próprio procurador Alexandre Jabur, admite em declaração à imprensa que a concessionária “indeniza minimamente o dano causado”. “O MPF, para dizer o mínimo, foi generoso com as concessionárias. O dinheiro dos contratos superfaturados fez muita falta aos paranaenses. Quantas estradas, ruas e avenidas poderiam ser pavimentadas? Quantas escolas, postos de saúde, creches e hospitais poderiam ser construídos?”, questiona o deputado.
Romanelli diz ainda que a prova que os acordos só servem às concessionárias está no primeiro leilão de rodovias do governo Bolsonaro. A Ecorodovias – que controla a Ecovia e a Ecocataratas – venceu a disputa pela concessão da rodovia BR-364/365 e vai explorar as sete praças de pedágio ao longo do trecho de 437 quilômetros, que ligam as cidades de Uberlândia (MG) e Jataí (GO).
Serão localizadas nas cidades mineiras de Uberlândia, Monte Alegre de Minas, Ituiutaba e Santa Vitória e nos municípios goianos de Paranaiguara, Cachoeira Alta e Jataí.
O governo federal pretende leiloar sete trechos de rodovias em 2020, incluindo o da Nova Dutra, destacou Freitas. São eles: a BR-101, em Santa Catarina; a BR-153, que liga Goiás a Tocantins; o lote BR-381 e BR-262, de Minas Gerais ao Espírito Santo; a BR-163, no Pará; a Rio-Teresópolis e a Rio-Juiz de Fora (MG).
“Temos cerca de 14 mil quilômetros para licitar”, disse o ministro Tarício Freitas (Infraestrutura). Na carteira de projetos do ministério, até 2022, ainda constam outras estradas federais e 4,1 mil quilômetros das rodovias integradas do Paraná, além de 7,2 mil km em fase de estudos.