Tarifando com afeto!

E enquanto Trump grita e carimba imposto com raiva, nós seguimos sorrindo, de olho no BRICS, na Ásia, na África e nos 7 bilhões de consumidores que não falam inglês, mas adoram picanha

Donald Trump
Foto: Tia Dufour

Tarifando com Afeto🇺🇸

( ou: Como escapar da taxa de Trump com jeitinho, tapioca e o BRICS no bolso)

Era uma vez um país tropical, abençoado por Deus, que decidiu olhar para o Oriente — e por isso acabou levando um coice do Ocidente.

Tudo começou quando o Brasil ousou demais.

Ousou se aproximar da Rússia, da China, da Índia, da África do Sul, da Etiópia, da Arábia Saudita… e até do Irã.

O nome disso? BRICS.

O pecado? Pensar fora da caixinha do dólar.

A reação foi rápida. Lá da Casa Branca, Trump — agora presidente de novo, como se a história fosse uma reprise ruim no canal de notícias — sacou sua caneta tarifária de 50% e disparou contra os produtos brasileiros. A desculpa oficial? Liberdade de expressão.

A verdadeira razão? Geopolítica com ciúmes.

Sim, Trump anda ressentido. Diz que o Brasil anda de flerte com a Ásia, que abraça muito a Rússia, e que o Elon Musk foi censurado por aqui só porque queria transformar o Twitter num boteco golpista. E, como se não bastasse, ainda acusa o governo de perseguir seu brother Jair — aquele que virou quase um item de contrabando diplomático.

Resultado: sobrou pra nossa laranja, nossa soja, nosso frango, nossa Embraer — tudo agora apanha com tarifa de 50%, como se fosse castigo de pai bravo que pegou o filho conversando com o vizinho comunista.

Mas calma.

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Se tem uma coisa que o Brasil não é, é bobo. E se tem algo que a gente já aprendeu desde os tempos de Pedro Álvares Cabral, é que quando um porto se fecha, a gente acha outro com caipirinha na mão.

O BRICS, afinal, não é só clube de fotos com turbantes e apertos de mão. É comércio em outras moedas, é parceria sem lição de moral, é crédito sem austeridade, é fertilizante russo e infraestrutura chinesa, é um mundo onde o Brasil não é coadjuvante.

E, sejamos francos: se os EUA não querem mais a nossa carne, os árabes querem. Se a soja não for pra Iowa, vai pra Shandong. Se não vender avião pro Texas, vende pra Abu Dhabi.

O planeta é grande, e a fome do mundo é ainda maior.

É claro que a tarifa assusta. Mas não derruba. Porque o Brasil, esse bicho miúdo e agigantado, sempre soube fazer do limão uma limonada exportável.

E enquanto Trump grita e carimba imposto com raiva, nós seguimos sorrindo, de olho no BRICS, na Ásia, na África e nos 7 bilhões de consumidores que não falam inglês, mas adoram picanha.

No fim das contas, talvez a tarifa de Trump seja o empurrão que faltava.

Aquela briga de namoro que faz a gente sair de casa, cortar o cordão umbilical da dependência e descobrir que há vida além da Flórida.

O futuro do Brasil não fala “yes, sir.”

Fala “ni hao”, “priviet”, “namastê” e até “oxente”.

Nello Morlotti 


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