A 22ª edição da Jornada de Agroecologia começa nesta quarta-feira (6), com uma grande Marcha por Terra, Teto e Agroecologia pelo centro da capital. A concentração será às 8h, com café da manhã agroecológico compartilhado na Praça Santos Andrade. A caminhada terá início às 9h, em direção à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), onde haverá uma sessão solene no plenário da Casa.
A marcha vai reunir as caravanas que virão participar da 22ª Jornada, com camponeses, trabalhadores da economia solidária, militantes de movimentos e organizações populares do campo e da cidade, artistas e apoiadores da agroecologia de todas as regiões do Paraná.
O incentivo à agroecologia, o direito à moradia e o trabalho digno estão entre as pautas centrais de mobilização. Junto com ela, estão as lutas pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial, com o fim da escala 6×1, pela tributação dos super-ricos e contra o Projeto de Lei (PL) 2.159/2021, que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, nomeada por movimentos populares eistas ambientais como “PL da Devastação”, por trazer diversos retrocessos ambientais.
Será uma marcha “com muita riqueza cultural, musical, coreografia, ritmos diversos, que denuncia o modelo do agronegócio, dos químicos, dos venenos, e anuncia uma agricultura com alimentos saudáveis, com cuidado da natureza, dos rios e com muito ar puro”, explica Roberto Baggio, membro da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da coordenação da Jornada.
Após a caminhada, o público participa da sessão solene em homenagem à Jornada de Agroecologia, no plenário, prevista para ocorrer das 10h às 12h. Estão confirmados as presenças de deputados da Frente Parlamentar da Agroecologia e da Economia Solidária e também do presidente da Assembleia.
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No período da tarde, a programação da Jornada continua no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Jardim das Américas, que segue até domingo, dia 10 de agosto. A edição deste ano terá mais de 50 seminários, workshops e conferências, e cerca de 20 atrações culturais. O evento é aberto ao público, com entrada gratuita.
Entre os destaques da programação estão as conferências com o teólogo Leonardo Boff; João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Makota Celinha, coordenadora do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab); Auricélia Arapiuns, presidente do Conselho Deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab); o geógrafo Andrei Cornetta; entre outros convidados/as.
A 22ª edição da Jornada ocorre no mesmo ano da Cúpula dos Povos, marcada para novembro, em Belém (PA), evento que reunirá mais de 400 movimentos sociais paralelamente à COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). A Jornada pretende fortalecer os debates sobre alternativas populares diante da emergência climática e denunciar os impactos do agronegócio sobre a vida dos povos e do planeta.
Feira e Culinária
A Feira da Agrobiodiversidade já é um espaço tradicional na Jornada e deve reunir cerca de 100 empreendimentos de agroecologia, de economia solidária e de reforma agrária de várias partes do estado e também de outros estados, no pátio do campus Politécnico.
Reconhecida como uma das maiores mostras da produção popular do Paraná, a feira reúne alimentos agroecológicos, sementes, cosméticos naturais, produtos de saúde e higiene, além de materiais de movimentos sociais, como camisetas e ossos. Também contém presentes artesões e artesãs da capital, do interior e de povos indígenas, com uma diversidade de itens que incluem biojoias, acessórios, artes gráficas e produtos para casa, refletindo a diversidade de saberes e práticas que compõem o projeto da agroecologia.
Os visitantes da Jornada também poderão experimentar mais de 40 opções de pratos preparados com ingredientes agroecológicos, produzidos por assentados, quilombolas e agricultores familiares, no espaço Culinária da Terra. O espaço oferta refeições a preços acessíveis e com opções para consumidores veganos e vegetarianos.
Estão previstas a venda de buraco quente (sanduíche típico curitibano, nas versões tradicional e vegana), pastel, caldos e sopas, quirera com frango e/ou pernil desfiado, arroz crioulo, frango caipira, pizza (clássica e com massa de inhame), cuscuz com salame (com opções veganas), espetinhos, pamonha, pão caseiro recheado com linguiça, esfirras, misto colonial (pão caseiro com queijo e linguiça), acarajé, tapiocas, pães, empadão de jaca, sanduíche vegano e milho cozido.
Programação Cultural
A programação cultural e artística da 22ª Jornada de Agroecologia do Paraná será intensa, passando por rap, samba, moda de viola e sertanejo, com artistas locais e nacionais.
A programação inclui nomes como Ivan Vilela, Pereira da Viola, Cacique e Pajé, Yago Opróprio, Janine Mathias e a Roda de Samba da Resistência. Também estão previstas apresentações da Orquestra Camponesa e do Bloco Afro Pretinhosidade. As atividades ocorrem ao longo do dia e à noite, integrando o cotidiano da Jornada com diferentes linguagens artísticas.
Dia de campo
Além das atividades na capital, está previsto um dia de campo no Assentamento Contestado, na Lapa/PR, com intercâmbio de experiências e exposição de tecnologias agroecológicas desenvolvidas por meio da Cooperação Brasil-China. A ação será ao longo de todo o dia 8 de agosto, sexta-feira, e terá conferências sobre mecanização e produção de bioinsumos para ampliação da agroecologia.
Haverá previsões simultâneas de máquinas agrícolas para fruticultura, com equipamentos para manejo em sistemas agroflorestais; bioinsumos, com destaque para aplicação via drone; olericultura – semeadora de hortaliças e transplantadora de mudas; sistema de plantio direto de hortaliças; e máquinas voltadas para a mecanização de culturas anuais.
Também será realizado um circuito de visitação ao Assentamento Contestado, que passará pela Escola Latino-Americana de Agroecologia Ana Maria Primavesi, pela Unidade Básica de Saúde e horto medicinal Chica Pelega, e pela Cooperativa 100% agroecológica Terra Livre. A atividade será externa aos camponeses/as participantes da Jornada, com inscrição prévia.
Túnel do Tempo
Outro espaço que já é marcado da Jornada de Agroecologia é o Túnel do Tempo, uma experiência imersiva e formativa, que resgata a memória viva da luta pela terra, da organização popular e da construção da agroecologia no Brasil.
Nesta edição, o Túnel estará aberto à visitação entre os dias 07, 08 e 09 de agosto, das 9h às 18h, no Hall Poty Lazzarotto – Prédio da Administração do Campus Politécnico da UFPR. Para agendar visitas escolares ou para tirar dúvidas, escreva para o email.
Sobre
A Jornada de Agroecologia é realizada desde 2002 e se consolida como um dos maiores encontros sobre o tema no Brasil. O encontro reúne agricultores e agricultores, povos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais, movimentos populares, pesquisadores e estudantes.
É realizado por uma articulação de mais de 60 organizações sociais, movimentos populares, coletivos e instituições de ensino. Reunindo conferências, seminários, workshops, feiras e disciplinas artísticas, o evento busca apresentar à sociedade a agroecologia como alternativa ao modelo do agronegócio, com foco na produção de alimentos saudáveis, na justiça social e no enfrentamento da crise ambiental e climática.
Desde 2018, o evento é realizado em espaços da Universidade Federal do Paraná, que neste ano recebe a Jornada em seu Campus Centro Politécnico. Esta será a sexta vez que a UFPR sediará o encontro em Curitiba.
Neste ano, o evento também conta com o apoio da Secretaria de Turismo do Paraná, UFPR, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FURG) e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). A Jornada é realizada pela Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária do Paraná (ACAP), com patrocínio do Sebrae, Itaipu Binacional, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal.
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