Artistas e cantores afirmam que a forma como é aplicada a lei da meia entrada inviabiliza as produções
O Sindicato das Empresas Promotoras de Eventos (Sindiprom) e a Federação das Empresas de Hospedagem, Gastronomia, Entretenimento, Lazer e Similares (Feturismo) engrossou o coro na luta pelo fim da meia entrada em eventos sem recurso público. A medida ganhou força nesta quarta-feira (26), em reunião de artistas sertanejos com o presidente Jair Bolsonaro.
“Não somos contra a meia entrada, mas o ideal é condicionar ela a eventos que tenham recebido recursos públicos com apoio governamental ou estatal”, disse Fábio Aguayo, vice-presidente das entidades classista. “Nos próximos dias vou à Brasília convencer a CNTur (Confederação Nacional de Turismo) a entrar nesta briga também”, adiantou.
Na reunião com o Bolsonaro, estavam presentes artistas de renome como as duplas Bruno e Marrone, Gian e Giovani, e César Menotti. Também o ator Dedé Santana, eterno integrante do quarteto Os Trapalhões. O presidente da República disse que atenderá os pleitos dos sertanejo, desde que não seja encontrado “óbice jurídico ou constitucional”.
“Meio-livro não existe. Não existe meia-bicicleta, meio-caderno. Não pode o Estado intervir na economia e tomar 50% da receita de determinados setores sem nenhum tipo de compensação”, cobrou Doreni Caramori, presidente da Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos).
Fábio Aguayo lembra a direção do São Paulo processou o Governo Federal pedindo o fim da meia-entrada em jogos no estádio do Morumbi, que não tem recursos públicos. O clube pede ainda o ressarcimento, desde 2003, dos valores que deixou de receber.
“Se até clube de futebol está reclamando”, ressaltou Aguayo. A meia entrada, reforçou o representante das entidades, tem que ser condicionada: “Onde tem dinheiro público, ela vale. Onde não tem dinheiro público, não vale”.
Inviabiliza produções
Para o cantor, compositor e músico Jorge Vercillo, é preciso atualizar a porcentagem da meia-entrada. Ela tem inviabilizado bastante os eventos por causa dos custos altos que existem no Brasil.
“Entendemos que é importante darmos acesso à cultura a varias pessoas e a jovens que ainda estão estudando, mas infelizmente há também muita fraude com a carteira de estudante”, ressaltou Vercillo.
De acordo com ele, isto acaba fazendo aumentar o valor dos ingressos para compensar uma quantidade tão grande de meia entrada no Brasil. “Em todos os países do mundo, onde existe meia entrada, o estado paga a contrapartida pra o produtor do show ou desconta nos impostos do mesmo”, disse.
De acordo com músicos e artistas, esta prática torna inviável a promoção de shows devido as taxas, impostos e custos com equipes de músicos e da montagem dos shows.
“Quem não usa a carteira de estudante, acaba tendo que pagar mais caro, já que os produtores são obrigados a colocar um valor total mais alto para viabilizar o espetáculo”, concluiu.
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