Eleições 2020: Ausente, Greca vira alvo principal de primeiro debate em Curitiba

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Ausente, o prefeito Rafael Greca (DEM) foi o principal alvo do primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, ontem, na Band TV. Desde o início do primeiro bloco, os concorrentes criticaram políticas da atual gestão, a começar pela questão da pandemia do Covid-19, passando pelo transporte coletivo, pessoas em situação de rua, educação e gastos públicos.

Adianta o Bem Paraná que os candidatos do Novo, João Guilherme; do PSL, deputado estadual Fernando Francischini; e do MDB, João Arruda, foram os mais incisivos nos questionamentos ao atual prefeito.

Logo no começo, João Guilherme, questionado pelo professor Mocellin (PV) sobre o enfrentamento da pandemia, lembrou que em abril, enviou uma carta à Greca, alertando para as medidas necessárias, como a testagem em massa. “Não foi por falta de aviso. Não fizemos isso. A gente demorou um pouco para tomar atitudes e fechamos muito cedo a cidade”, acusou. Em seguida, João Arruda apontou que o prefeito não fez “nada pelos pequenos” negócios.

Depois de perguntar ao candidato do PT, Paulo Opuszka, sobre o problema dos moradores de rua, o candidato do Novo voltou à carga contra Greca e a atual administração. Segundo ele, a prefeitura “enxuga o gelo” e não tem resposta efetiva para a questão. “Não podemos continuar fingindo que essas pessoas não existem”, criticou.

Já Francischini prometeu criar um auxílio emergencial municipal com recursos do fundo de reserva da prefeitura. “Infelizmente o prefeito Rafael Greca usou R$ 200 milhões para ajudar seus amigos do transporte coletivo”, afirmou. Opuszka também disse que o colapso do sistema de transporte “vai estourar na mão do próximo prefeito no terceiro ano do seu mandato”.

Arruda disse que no início do mandato, o atual prefeito liberou as empresas do transporte coletivo de multas de R$ 30 milhões. “Eu vou desapropriar todas as garagens do transporte coletivo de Curitiba para ter concorrência na licitação que vamos fazer em 2025”, prometeu o candidato do MDB, que também afirmou que empresas envolvidas em escândalos de corrupção na área da saúde no Rio de Janeiro têm contratos de terceirização com a prefeitura de Curitiba.

Questionado por Arruda sobre a promessa de campanha de Greca de uma “Muralha Digital” contra a criminalidade, o deputado ironizou. “O prefeito atual disse que ia fazer uma Muralha Digital, mas ela não saiu do primeiro tijolo”, disse.

Carro oficial

No segundo bloco, Mocellin perguntou sobre o desempenho de Curitiba no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, afirmando que a capital paranaense “já foi referência”. “Mas infelizmente estacionamos”. João Guilherme aproveitou para dizer que o Novo é o único a não usar recursos do fundo partidário. “É inadmissível hoje em dia o prefeito, seus secretários, terem direito a carro oficial”, afirmou.

A candidata do Avante, Marisa Lobo, questionou a do PC do B, Camila Lanes, sobre a questão dos moradores de rua. “Não aceitamos a ideia de que o morador de rua gosta de ficar na rua, como apregoam alguns oportunistas”, disse. “Para mim não existe cidadão de bem, e cidadão de mal. São todos curitibanos. Curitiba tem que ser exemplo de reinserção dessas pessoas”, afirmou, sobre os presos que após cumprir pena acabam nas ruas por falta de oportunidades.

Francischini e Marisa Lobo ‘disputam’ Bolsonaro

Para além das critícas à gestão do prefeito Rafael Greca (DEM), o debate de ontem também foi marcado por disputas paralelas entre os candidatos à prefeitura de Curitiba. O deputado Fernando Francischini e a candidata do Avante, Marisa Lobo, por exemplo, travaram disputa pelo papel de representantes do eleitorado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – que anunciou a intenção de não apoiar ninguém oficialmente no primeiro turno das eleições municipais. Já João Guilherme, do Novo, procurou desde o início se diferenciar do que chamou “políticos profissionais”, em clara alusão a Francischini.

O candidato do PSL fez questão de lembrar que coordenou a campanha de Bolsonaro no Paraná e que comunga das ideias com o presidente. Marisa Lobo chegou a protestar, no final do confronto, por ter supostamente sido “ignorada” pelos adversários no debate, por sua ligação com o “bolsonarismo”.

Francischini prometeu criar um auxílio emergencial nos moldes do implantado pelo presidente no plano federal. “Sou um liberal na economia, mas não em tempo de pandemia, desemprego”, disse, afirmando que o auxílio federal “atendeu 300 mil famílias em Curitiba”

Marisa Lobo procurou mostrar afinidade com a pauta de costumes do “bolsonarismo”. Prometeu implantar um projeto atender mulheres vítimas de estupro ou gravidez indesejada. “Vamos acolher essa mulher com uma política séria, conservadora, onde ela não precisará fazer aborto. A mulher curitibana que foi estuprada, que teve uma gravidez precoce, vai ser acolhida com políticas públicas sérias voltadas à preservação da vida se ela quiser”, afirmou. “A questão do aborto quem tem que discutir mais são as mulheres, e não nós os homens”, respondeu o professor Mocellin (PV).

A candidata do Avante também questionou as criticas do candidato do PT, Paulo Opuszka, a Bolsonaro. “Como o senhor pode governar fazendo oposição aos 780 mil curitibanos que votaram no Bolsonaro”, disse.

Realidade

João Guilherme, do Novo, mirou no final Francischini, único participante com mandato. “A gente está vendo muitas promessas com pessoas que já tiveram oportunidade. É muito fácil estar aqui e dizer que vai resolver todos os problemas estando totalmente afastado da realidade das pessoas. Sendo um político profissional”, criticou.

Por: Fábio Campana

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