Estiagem recorde no ano favoreceu ocorrência de incêndios florestais nas áreas protegidas por Itaipu. Região atingida na margem brasileira chegou a 94,05 hectares.
O ano mais seco registrado pela usina de Itaipu, com afluência 30% menor que a média histórica, contribuiu para o aumento dos incêndios florestais nas áreas de proteção ambiental da empresa.
Em 2020, o fogo alcançou 94,05 hectares na margem brasileira, ante 67,44 hectares em 2019, indica o balanço da Brigada Florestal, coordenada pela Divisão de Áreas Protegidas da binacional. O aumento foi de 39,4%. O número de ocorrências também cresceu, de 24 para 31 no período (29,1%), média de duas vezes e meia por mês. Novembro foi o mês mais crítico, com oito atendimentos.
A falta de chuvas deixa a vegetação mais seca e fragilizada, contribuindo para a propagação rápida do fogo, explica o gerente do Departamento de Reservatório e Áreas Protegidas de Itaipu, Waldir Noronha. Segundo ele, a maioria das ocorrências atendidas pela Brigada Florestal em 2020 foi leve, nas bordas do reservatório. Mas houve situações que exigiram o máximo de esforço e atenção das equipes.
O caso mais grave aconteceu no distrito de Correa Porto, em Santa Helena, de 29 de setembro a 4 de outubro. No local, havia vegetação graminosa e turfa (material orgânico resultante de decomposição vegetal), que foram expostas com a redução do nível do reservatório e ressecaram.*
“O fogo foi controlado pelas equipes de Itaipu no primeiro dia de combate, porém, por haver a turfa, esta queimava lentamente por baixo da superfície e houve ressurgimento de focos por repetidas vezes ao longo da semana”, relatou. Foi a mesma coisa que ocorreu nos incêndios que destruíram parte do Pantanal mato-grossense, no ano passado.
Em Santa Helena, as chamas ameaçavam avançar para dentro da faixa de proteção pela ação do vento. Para debelar o fogo, foi necessário abrir duas frentes de combate: uma por terra, utilizando-se de abafadores, mochilas costais, reboque e veículos com reservatórios de água; e outra por água, com a equipe embarcada, operando motobombas flutuantes. Todos os equipamentos são de Itaipu.
A Defesa Civil apoiou com duas viaturas equipadas com material de combate. No total, 22 pessoas foram envolvidas em seis dias de trabalho. A área atingida foi de 10,7 hectares.
Noronha explica que, em caso de degradação florestal, há um protocolo de recuperação, envolvendo preparo do solo, plantio de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e manutenção da vegetação por cerca de dois anos ou até que a área volte ser considerada recuperada. Mas isso é exceção. Graças à atuação da brigada, os incêndios nas áreas com árvores costumam ser contidos rapidamente, permitindo que a vegetação se regenere naturalmente.
Ainda segundo ele, a estiagem agrava o problema, mas o maior responsável pelos incêndios florestais ainda é o homem. “O apelo é para que não se faça fogueiras nem jogue bituca de cigarro na borda do reservatório, pelo fato de a vegetação estar extremamente seca e fragilizada. Essa condição facilita a perda de controle e o avanço rápido das chamas.”
Prejuízos
Os prejuízos com os incêndios florestais podem ser classificados em diferentes dimensões. Além dos danos à biodiversidade, impactam a população do entorno, com perdas nas lavouras, danos ao patrimônio, ameaça à saúde e riscos de acidentes. A fumaça diminui a visibilidade nas estradas e aumenta o risco de atropelamento de animais afugentados pelo fogo.
Para Itaipu, os incêndios provocam danos ao patrimônio e gastos com a mobilização de recursos humanos e materiais. Além disso, fragilizam o solo, aumentando a chance de ocorrer erosões, levando sedimentos e reduzindo a vida útil do reservatório.
Sobre a brigada
A Brigada Florestal de Itaipu é responsável pelo monitoramento de 1,4 mil quilômetros de faixa de proteção da usina, de Foz do Iguaçu a Guaíra, e dos refúgios administrados pela empresa, totalizando 34 mil hectares.
Atualmente, é composta por empregados de diferentes áreas da Itaipu, principalmente da Diretoria de Coordenação, e tem o apoio de empresas terceirizadas que atuam no manejo florestal e segurança das áreas protegidas, municípios da região, produtores rurais, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, entre outros. A coordenação é do engenheiro florestal Luís César Rodrigues da Silva, da Divisão de Áreas Protegidas.
A unidade conta com três reboques equipados com material básico de combate (motobombas, reservatório de 800 litros, mangueiras, abafadores e mochilas costais) e duas motobombas flutuantes, para uso da água do reservatório. Cada reboque fica posicionado em um escritório da Itaipu ao longo da faixa de proteção: Foz do Iguaçu, Santa Helena e Guaíra.
Outro veículo, uma caminhonete equipada como material básico (reserva de água, mochila costal, abafadores, lanternas etc.), permanece diariamente no Centro Executivo, em Foz do Iguaçu, para emergências. A unidade conta ainda com um sistema de contatos telefônicos na região, para apoio, e drones para localização dos incêndios e monitoramento das áreas queimadas.
Neste ano de 2021, a brigada está passando por um processo de institucionalização dentro da empresa e de atualização tecnológica, com a aquisição de novos equipamentos – como motobombas mais modernas, reservatórios móveis para acoplagem nas caminhonetes dos técnicos da faixa de proteção e acessórios. Outra novidade será um curso de formação de brigadistas florestais, para renovar o conhecimento da equipe.
A atuação da brigada é restrita às áreas protegidas da Itaipu, embora o grupo possa dar apoio eventual a municípios da região. O telefone para contato é 0800 645 2002.