Na última segunda-feira (11) forças de segurança de Foz do Iguaçu realizaram uma edição da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (AIFU), na praça em frente ao Ginásio Costa Cavalcanti, onde há uma pista de skate. No local acontece semanalmente um encontro de jovens cantores de hip-hop e esqueitistas.
Naquela noite cerca de 400 jovens, entre adolescentes e maiores de idade, estavam no local na hora que policiais militares, guardas municipais e conselheiros tutelares chegaram. Os jovens foram revistados e duas garotas, entre elas uma de 13 anos, foram apreendidas por desacato. As informações são da Rádio Cultura.
Na quinta-feira (14), o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP) se manifestou repudiando a ação. Em nota, o CDHMP afirmam que as autoridades agiram com “preconceito, racismo, truculência, machismo e violência policial”.
“Relatos dos jovens e vídeo veiculado nas redes sociais mostram pelo menos três policiais, todos homens, conduzindo em flagrante arbitrariedade uma das meninas.
Jovens contam que, após protestos, policiais militares femininas foram chamadas ao local para as revistas. Meninas precisaram esperar, debaixo de chuva, até o início da inspeção adequada e legal feita pelas agentes mulheres, que agiram com educação e respeito.
Jovens foram revistados por até três vezes. Policiais faziam xingamentos, agressões verbais e julgamentos morais, impedindo filmagens com celulares, mesmo após a abordagem. Entretanto fotos alimentaram redes sociais particulares de agentes de segurança participantes da ação, acompanhadas de textos de conteúdo pejorativo.
A operação policial constituiu ataque aos direitos culturais da juventude e demonstração de preconceito e racismo contra a cultura hip-hop, manifestação identificada com a estética da periferia e com os estratos negros e populares da juventude.
Os jovens participantes do evento e o CDHMP reivindicam do poder público, especialmente do órgão responsável pela gestão municipal da cultura, segurança pública para a realização do encontro e garantias de respeito às expressões e identidades juvenis”, diz parte do manifesto.
A nota foi encaminhada para o Centro Operacional das Promotorias Públicas de Direitos Humanos do Ministério Público do Paraná (Curitiba/PR); Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Foz do Iguaçu; Diretoria da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu; Comando do 14º Batalhão da Polícia Militar de Foz do Iguaçu; Secretaria de Segurança Pública de Foz do Iguaçu e Núcleo de Advogados pela Democracia de Foz do Iguaçu.