As medidas restritivas adotadas durante a pandemia da covid-19 estiveram em pauta nesta quarta-feira, 14 de julho, na Câmara de Foz. O debate foi proposto pelo presidente da Casa de Leis, vereador Ney Patrício (PSD) e contou com a presença da secretária de Saúde; representante da Acifi; diretor superintendente do Hospital Municipal; representante do Comus; diretora do Procon; diretora da 9ª Regional de Saúde; da diretoria de Fiscalização das restrições e de demais vereadores.
A representante da diretoria da Associação Comercial de Foz do Iguaçu (ACIFI), Leonor Venson, pontuou diversos aspectos que a entidade considerou a respeito das medidas restritivas e ressaltou a perda de postos de trabalho formais na cidade, devido à crise econômica em decorrência da pandemia do novo coronavírus. “Hoje temos 56.500 mil pessoas com carteira assinada, ainda não retornamos ao patamar anterior à pandemia. A Acifi reforça o pedido de pleno funcionamento de todas as atividades comerciais e pleiteia por apoio com incentivos que auxiliem na retomada”.
O representante do Comus, Khalid Omairi, destacou: “O Comus gostaria de esclarecer que em nenhum momento durante a pandemia integramos o comitê de gestão de crise. Mas algumas análises foram levadas ao conselho, como algumas melhorias realizadas no hospital e o plano municipal de imunização que também foi objeto de análise. Sempre que necessário estaremos aqui representando o controle social do SUS”.
O proponente do debate, vereador Ney Patrício (PSD), considerou positivo o saldo do debate. “Foi importante para a população ter conhecimento sobre as decisões tomadas pelas autoridades sanitárias do Município e também do Estado. A vacinação teve decisão assertiva. A Câmara vem acompanhando a discussão de todos os decretos. Tivemos mais cuidado com a vida, conciliando com a vida econômica”.
Participaram também do debate os vereadores: Anice Gazzaoui (PL), Galhardo (Republicanos), Alex Meyer (PP), Adnan El Sayed (PSD), Kalito (PSD), Jairo Cardoso (DEM), Cabo Cassol (Podemos) e João Morales (DEM).
Aspectos considerados para elaboração das medidas restritivas
A secretária municipal da Saúde, Rosa Maria Jeronymo, explicou a maneira como as restrições foram definidas e quais fatores foram considerados para tal: “As medidas restritivas têm duas funções: evitar circulação do vírus e evitar pressão na rede hospitalar. Sabemos que nossos recursos são finitos, limitação de espaço físico, de profissionais. Quando a gente faz um decreto, eles sempre estão embasados em estudos epidemiológicos da OPAS, do ministério da Saúde, da secretaria estadual de Saúde. A gente está vivendo um momento de muito questionamento da ciência e é importante que a gente diga que tudo o que fazemos está embasado na ciência. Ao longo deste um ano e quatro meses tivemos 208 decretos.
É muita gente trabalhando, muita gente envolvida. As medidas restritivas são definidas com base em alguns indicadores: média móvel dos casos, taxa de reprodução do vírus, média dos óbitos e taxa de ocupação dos leitos”. A redução das taxas está diretamente relacionada às medidas restritivas. Em março, a média móvel foi de 307 casos. Agora, estamos há quase 4 semanas com redução da taxa de transmissão, ela está em 0,9. Quando ela está abaixo de 1 é o ideal. Quero ressaltar todos os profissionais da atenção primária de saúde, do hospital, todos os trabalhadores que estão envolvidos”.
Fiscalização do transporte coletivo urbano
A diretora do Procon, Claudinéia Pliacekos, comentou um requerimento da Câmara que questionou o órgão a respeito das multas aplicadas em razão de descumprimento de cláusulas contratuais. “O que está faltando é algo a mais nessa fiscalização, é gente da saúde que literalmente vá conosco para que a população veja que realmente é muito grave. Eu entrava nos ônibus para contar o excedente de usuário. Um dos maiores agravantes da transmissão do vírus tem sido o transporte público, o Procon tem verificado isso, então desde julho do ano passado temos fiscalizado a situação dos ônibus. As multas são aplicadas pela má execução e não cumprimento da prestação de serviço. Se todo mundo agisse junto, fizesse uma força tarefa seria muito mais eficaz, não adianta mais multar, precisamos resolver o problema”.
Reflexos da vacinação
A diretora da 9ª Regional de Saúde, Ielita Santos, afirmou que “hoje a 9ª regional de saúde conta com 75% dos leitos ocupados, já tivemos com ocupação de 120%. Percebemos que com avanço da vacinação, a taxa e tempo de internamento têm reduzido bastante”.
Na mesma linha de raciocínio, a secretária de Saúde, comentou: “A vacinação que está permitindo a gente ver a luz no fim do túnel. Temos previsão de que em outubro tenhamos 75% da população com ciclo vacinal completo”.
Esforços do Hospital Municipal para atendimento
Sérgio Fabriz, diretor do Hospital Municipal esclareceu: “Nunca medimos esforços para avançar os leitos na medida que avançava a pandemia. Quando explodiu a pandemia em março criamos 40 leitos em 10 dias para fazer atendimento à população. Quem propaga o vírus e quem transmite é a população. Chegamos a ter 150% de taxa de ocupação. Aqui nunca faltou medicamento, mas tivemos momento de acabar e chegar no mesmo dia. Quando a gente implementava as medidas restritivas, só um mês depois baixava internamento no hospital. A vacinação infelizmente chegou muito tarde. Contratamos mais de 800 colaboradores, mas chegou um momento que mesmo que a gente quisesse abrir mais leito não tinha mais profissionais para contratar. A gente está dando o primeiro passo agora, não podemos perder o passo da pandemia. As flexibilizações sendo tomadas de forma gradual é o melhor caminho. Tivemos momento de ter 15 intubações por dia, isso é uma UTI e meia. Minha maior tristeza foi ver os 12 óbitos em um sábado à noite. UTI não é unidade de tratamento de intubado, é unidade de tratamento intensivo”.