O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fábio Aguayo, disse hoje que o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, tentou justificar a “incompetência” de sua administração contra a pandemia do Covid-19, culpando os bares e baladas “que estão fechadas há cinco meses”.
“O prefeito Rafael Greca prestou um grande desserviço neste domingo (23), ao vir a público comentar sobre as mais de 850 vidas perdidas por incompetênica de sua gestão para a Covid-19, desde o início da pandemia do novo Coronavírus. Em uma avaliação que extrapola qualquer limite de razoabilidade, Greca disse que as pessoas que morreram ‘agradecem’ o tratamento que receberam e culpa as baladas pela transmissão do vírus”, criticou Aguayo.
“Oras, como as baladas poderiam ser responsáveis pela transmissão do vírus se estão fechadas a mais de cinco meses, desde o início da pandemia?”, questiona o sindicalista. “Esta declaração só comprova o conluio e o favorecimento que o prefeito tem com o transporte público, que é o principal foco de transmissão da doença”, afirma ele.
“Ao imputar a incompetência a outros setores, Greca busca ‘limpar a barra’ dos barões das empresas de ônibus, que receberam isenções de impostos e mais de R$ 300 milhões de ajuda a título de subsídio com dinheiro do povo e daqueles que não usam o transporte. Enquanto isso, outras categorias não receberam um centavo de ajuda ou sequer um apoio moral da gestão municipal”, aponta Aguayo.
“Se cada prefeito em cada cidade falar uma besteira destas, nossa categoria terá sempre que lidar contra o preconceito que sofremos. Uma vergonha, trairagem, jogou com a torcida e colocou a gente na fogueira da hipocrisia a mesma que queimou a Joana Darc, hoje a padroeira da França, só que somos a vítima em 2020.”, apontou o presidente da Abrabar.
Em entrevista, Greca afirmou que os mortos por Covid-19 em Curitiba “agradecem” o tratamento do sistema de saúde. “Nós já temos 854 mortos. Mas eu tenho certeza de que do outro lado do caminho, eles nos abençoam, eles nos agradecem que seus momentos finais não foram de agonia, nem de padecimento, mas foram de conforto e a eles nada faltou”, disse o prefeito, em entrevista ao jornalista João Ribeiro, de Ponta Grossa (Campos Gerais). O prefeito negou que o transporte público seja foto de transmissão do vírus, e culpou “baladas” e bares.
“Nós nunca cancelamos o transporte público. Nós limitamos a lotação dos nossos ônibus em 50%. Nem sempre o povo nos obedeceu. Também não podíamos laçar e caçar as pessoas nos terminais. Temos uma pesquisa que mostra que os ônibus não foram fator de transmissão. Na pesquisa, nos dias que eu fiz, só 70 pessoas que andaram de ônibus se tornaram vítimas de Covid”, argumentou. “O bar é muito ruim, a balada é muito ruim. Nós não estamos de férias. Nós estimamos o segmento dos eventos, da música, dos bares, dos restaurantes. Nós gostaríamos de que tudo pudesse funcionar dentro de uma normalidade. Mas nós estamos vendo de Londres a Pequim, o mundo inteiro está imerso em um processo de distanciamento social. De evitar aglomeração”, alegou.
Por: Bem Paraná