Política e sociedade

Entre a Cachaça e o Chá!

O Império do Açúcar Renascido
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Era uma vez, em um país tropical abençoado por Deus e explorado pelo açúcar, os senhores das usinas descobriram um novo milagre econômico: o etanol. O açúcar exigia paciência, logística e refinarias. Já o etanol? Ah, esse pingava dos tanques como mágica, garantindo o famoso “dinheiro na sexta-feira” – uma gíria elegante para dizer que o caixa enchia antes do happy hour.

Eis que, do outro lado do equador, um sujeito de topete inconfundível resolveu botar ordem no comércio mundial. Donald Trump, sempre o mestre dos gestos grandiosos, anunciou tarifas recíprocas. Se o Brasil cobrava 18% no etanol americano, os EUA agora fariam o mesmo. Os usineiros, entre um gole de café e outro de cachaça (porque empresário do setor canavieiro é gente versátil), pararam para pensar: e agora?

A resposta estava bem diante deles, dourada como um pôr do sol no Recôncavo Baiano: o açúcar IC 45, aquele que o mundo inteiro deseja, principalmente os árabes da Al Khaleej Sugar, que já sacaram o potencial e começaram a investir na Bahia. A Al Khaleej Sugar, proprietária da maior refinaria de açúcar do mundo, planeja construir uma megafábrica na Bahia, com capacidade para processar 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, focada na produção de açúcar para exportação e bioenergia.

O jogo mudou. O etanol, antes uma escolha óbvia, agora precisa dividir espaço com a refinaria. E se o Brasil organizar a logística interna, otimizar a base tributária e garantir infraestrutura para escoar essa riqueza, pode se tornar o grande polo açucareiro refinado do mundo.

Olhando por esse ângulo, Trump pode ter dado um empurrão involuntário para uma nova era do açúcar brasileiro. Como diria um velho usineiro, “o jogo só termina quando a última gota de melaço escorrer”. E desta vez, quem vai adoçar o mercado global pode ser o Brasil.

Agora, se alguém achava que o único legado de Trump para o Brasil seria memes e tweets barulhentos, talvez precise repensar. Porque a próxima xícara de chá que um xeque árabe tomar pode ter gosto de cana brasileira refinada. E quem sabe, dessa vez, o dinheiro da sexta-feira venha em pacotes brancos, cheirosos e prontos para exportação.

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