Há tempos, dizem os sábios da política que um bom governante precisa ter o coração de um leão e os ouvidos de um pastor de cabras. O leão para não ser devorado, e o pastor para entender os berros da boiada. Mas, ao que tudo indica, Lula III, o Retorno, decidiu trancar-se numa torre de marfim com vista para Brasília e jogar fora a chave – e talvez os óculos, porque não está enxergando a bronca crescendo na esquina.
O advogado Kakay, conhecido por sua língua afiada e ternos de grife que combinam com processos de bilhões, resolveu botar o dedo na ferida. Disse que Lula está isolado, capturado e que, do jeito que vai, “está se esforçando para perder a eleição”. Ora, mas que compromisso com a derrota, presidente! Se Bolsonaro perdeu com dinheiro à vontade e fazendo arminha para todo lado, imagine quem perde sem nem dar um tchauzinho para os amigos.
Presidente influencer, por Nello Morlotti
A política, que já foi a arte do convencimento e do cafezinho, virou um reality show sem audiência. Lula, que outrora navegava no tapete mágico da popularidade, hoje parece mais um chefe de cozinha que dispensou o maître e trancou a cozinha. O problema é que, sem garçom para levar os pratos, os clientes começam a procurar outro restaurante. E, veja bem, a extrema direita está ali na esquina vendendo PF de ressentimento a preço de custo.
Kakay também apontou que Lula não preparou um sucessor. Ora, mas isso é uma tradição petista! A sucessão no PT é igual à do São Paulo Futebol Clube: sempre se espera que o técnico milagreiro resolva tudo sozinho. Mas, se a história ensina algo, é que até Dom Pedro II teve que escolher um sucessor (embora tenha sido chutado do Brasil antes de concretizar o plano).
Enquanto isso, Bolsonaro, esperto como um vendedor de curso de day trade, decidiu trocar o “Fora Lula” pelo “Fora Lula em 2026”, mostrando que, se um golpe não deu certo, melhor apostar na paciência e na urna. Na outra ponta, o mercado torce o nariz, os aliados murmuram nos bastidores e até o advogado de estimação está avisando que o barco faz água. Mas Lula, ao invés de abrir o bote salva-vidas, resolveu aumentar a música e dizer que está tudo bem.
O Brasil, como sempre, segue sua saga de novela latina, onde o enredo gira entre um líder em busca de redenção, uma oposição faminta e uma plateia cada vez mais cética. Resta saber se Lula vai seguir o roteiro de Rocky Balboa, voltando ao ringue no último round, ou se já encomendou seu próprio cavalo de Troia para perder com estilo.
A conferir.