Javier Milei acordou inspirado. Talvez tivesse sonhado com Milton Friedman lhe sussurrando conselhos econômicos ou com um mercado totalmente desregulado onde unicórnios financeiros dançavam sobre um gráfico de Wall Street. O fato é que, antes mesmo do café, disparou no Twitter uma recomendação quente: uma criptomoeda promissora, dessas que prometem revolucionar a economia e, de quebra, transformar qualquer mortal em magnata.
O problema é que essa tal cripto tinha tanto lastro quanto um cheque assinado por um vendedor de pirâmide. O mercado chiou, os jornais estamparam manchetes preocupadas e, horas depois, Milei teve que apagar o post, alegando que “não estava interiorizado no assunto”. Não estava interiorizado, mas estava divulgando. Um verdadeiro fenômeno da nova era digital: o presidente influencer.
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O La Nación tratou do tema com a paciência de um professor corrigindo uma redação ruim. Explicou que presidentes não podem brincar de blogueirinho de finanças, que uma palavra mal colocada pode afetar mercados, destruir economias, ou, no mínimo, garantir risadas amargas nos corredores do poder. Mas e daí? Vivemos tempos em que governar virou um reality show e cada presidente acha que precisa de engajamento.
No fundo, o episódio só provou o que já sabemos: se antes os políticos faziam promessas de campanha que sabíamos que não seriam cumpridas, agora eles fazem recomendações financeiras que nem eles mesmos entenderam. E no final, quem paga a conta é sempre o mesmo: o eleitor.