Política e sociedade

Resposta à Carta de Donald !

trump
Ilustração: Sponholz

Resposta à Carta de Donald J. Trump

Por um brasileiro do interior

9 de julho de 2025

Ao Senhor Donald J. Trump

Presidente dos Estados Unidos da América

Prezado senhor Trump,

Me chamo Antônio, sou um homem simples aqui do sertão do Brasil, mais acostumado com a enxada, o rádio de pilha e os causos da roça do que com essa papelada de presidente pra presidente. Mas como o senhor resolveu escrever ao nosso presidente com ameaças e acusações, achei por bem lhe responder com a linguagem que todo homem que se preze entende: a da verdade, com respeito e firmeza.

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Vou lhe explicar umas coisas, devagarzinho, que é pro senhor entender bem.

1. Sobre o tal do Bolsonaro

O senhor diz que o ex-presidente Bolsonaro é respeitado por todo mundo. Olha, aqui a gente respeita a lei antes de tudo, e quando a lei mostra que teve crime, a gente investiga, julga e, se for o caso, pune — seja quem for.

O processo contra ele não é perseguição política, não. É baseado em provas, vídeos, falas públicas, documentos e testemunhos — coisas que a Justiça não pode ignorar. A democracia que ele tentou sabotar é a mesma que permite que o senhor escreva o que quiser sem ser preso. Mas aqui, como em qualquer lugar sério, liberdade não é licença pra golpismo.

2. Sobre liberdade de expressão

A internet, senhor Donald Trump, não é curral de boiada solta. Toda liberdade tem limite, e aqui no Brasil existe um negócio chamado Marco Civil da Internet. Ele foi feito pra proteger o povo — inclusive das mentiras, dos ataques, das ameaças e das campanhas de ódio que só servem pra dividir e machucar.

O senhor fala em censura, mas o que houve foram ordens judiciais — de um Poder independente — pra tirar conteúdos ilegais. Isso não é ditadura, não. É lei. E é bom lembrar: o mesmo direito que protege quem quer se expressar, protege também quem não quer ser atacado com mentira. Liberdade não é gritaria sem consequência.

3. Sobre as tarifas de 50%

Ah, agora vamos ao ponto que parece doer no bolso. O senhor quer cobrar tarifa de 50% dos nossos produtos por causa dessas brigas políticas? Desculpe a franqueza, mas isso aí parece coisa de menino mimado que perdeu o brinquedo.

Aumentar tarifa não vai punir o Brasil, vai punir o povo americano. Vai subir o preço da carne, do café, do suco de laranja, do aço, da soja, do etanol — tudo que o povo aí consome vindo daqui. E a inflação, que já anda de nariz em pé por aí, vai dar cambalhota.

O senhor ameaça com a tal Seção 301, mas se investigar direitinho, vai ver que o problema não é o Brasil proteger sua indústria, é os EUA não aceitarem que o mundo tem outros fornecedores. Aliás, sabe o que acontece se o senhor fechar as portas? A gente bate em outras: China, Índia, Rússia, Irã, Emirados, Europa, África. E o mundo é grande, viu?

4. Sobre soberania

Deixe eu lhe contar uma coisa que aprendi com meu avô, homem que viveu mais de noventa anos plantando milho e falando pouco: “quem ameaça os outros, mostra que tem medo de ser esquecido”.

O Brasil é um país soberano, senhor Trump. A gente pode ter nossos defeitos, mas temos o direito de julgar nossos próprios líderes, fazer nossas leis, proteger nossas florestas, vender pra quem quisermos e viver sem abaixar a cabeça pra ninguém.

O tempo em que o Brasil era quintal de império já passou, e não vai voltar com bravata.

5. Conclusão

Senhor Trump, respeite o Brasil como o senhor exige que respeitem os Estados Unidos. Não transforme amizade em ameaça. O mundo precisa de pontes, não de muros.

E se um dia quiser vir ao Brasil — sem tarifa — venha tomar um café com rapadura aqui em casa, que a gente conversa melhor. Mas venha com humildade. Aqui, o povo é hospitaleiro, mas não gosta de ser mandado.

Com toda simplicidade e com todo respeito,

Antônio da Silva Batista

lavrador, pai de cinco filhos, brasileiro até o último grão de milho.

Caxias Maranhao, Brasil.

@fozdiario


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